quinta-feira, 15 de outubro de 2020

A sandes e as duas faces da moeda furada

Ainda sobre a polémica suspensão do aluno do caso das "sandes" e do "lanche".

Ponto prévio 1: O aluno errou, cometeu irresponsabilidades nos dias de hoje, que a nossa sociedade não tolera, e sabemos que o fez repetidamente com comportamentos pouco abonatórios a seu favor.

Ponto Prévio 2: O Encarregado de Educação ao saber os reais motivos dessa suspensão, também não teve a honestidade inteletual e comportamental, e aproveitou para se vitimizar junto com o aluno e restantes colegas.

Ponto Prévio 3: Uma notícia tem sempre duas faces, tem sempre direito ao contraditório, admitindo desde já que a partir do momento que sabemos que aquela medida disciplinar sancionatório é verdadeira, a justificação poderia atenuar, mas é sempre, e de todo, incompreensível aquele texto, o motivo que está escrito "a partilha de lanche com os colegas".

Assim, tendo o caso as duas faces de uma moeda, temos o problema de ver uma moeda furada... Ora, são os motivos apresentados que não justificam a medida, desde logo, ao mencionar a partilha de um lanche como o motivo, indignaria qualquer um. Assim, o documento que nos chegou a público, até por precaução da escola, deveria ter sido escrito com outro rigor, apelando e justificando os reais motivos da suspensão, de foro disciplinar.

A escola tem a responsabilidade e deveria ter tido a cautela de se proteger e redigir algo que não a comprometesse da forma que se propagou.

Se havia comentário a fazer para justificar um ou três dias de aulas de suspensão, que não fosse o lanche e a sandes, então que esse argumento fosse mais refletido e reforçado, porque o texto que chegou ao Encarregado de Educação, não serve, a fundamentação teria que ter sido outra. E para quem, hoje, como todos nós sabemos, que houve má intensão na publicação do Encarregado de Educação, o que surge lá escrito, só reforça o que, naturalmente, o mesmo pretendeu... 

Assim, mantenho a minha opinião de que houve uma enorme falta de bom senso e ética por parte das duas partes, sendo que uma escola tem poderes e tem responsabilidades, não podendo tratar-se um assunto de forma leviana, e ter justificado a decisão de forma ainda mais leve... é importante realçar que a atitude dos alunos e dos pais é reprovável, no atual contexto, por outro lado, a Escola enquanto instituição educativa tem o dever de contribuir para essa Educação e não dar argumentos para ser menosprezada.

Além disso, não deixa de ser curioso, que de repente parece que não podemos referir sobre a escola e esta decisão como sendo de uma formulação incorreta, as ofensas perante isso, dão a sensação de que não podemos dizer que "o rei vai nu"... mas vai!

E o rei vai tal maneira nu, que os comentários publicados nos jornais logo a seguir, acabam, por um lado, justificar a decisão (poderia estar na missiva... porque não?), por outro deixam às claras a forma como se estão a gerir escolas com o álibi do COVID... o autoritarismo expande-se pela sociedade a olhos vistos... a dada altura é referido que "o cumprimento de simples regras de higiene e distanciamento são o que pedimos à geração do seu filho"... quando pensávamos que a esta geração pedíamos trabalho colaborativo, pensamento crítico, autonomia, comunicação,... mas se cumprir regras de distanciamento, já será um mal menor, e certamente, que este não voltará a reprovar!!!

Que a escola está doente... pior que a pandemia, isso está... e é preciso que, não por cooperativismos, mas se manifeste de forma clara o que se vai passando... esta democracia, onde daqui a pouco somos obrigados a ter um smartphone com uma app instalada... está com uns laivos de outros tempos e de outras culturas!

Peço desculpa, mas aqui a moeda está claramente furada!

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