São diversas as notícias sem fundamento que se referem ao digital como se fosse o maior mal do mundo! Acho sempre muita piada replicarem este tipo de notícias, sendo que utilizaram o digital para as LER, e já agora ESCREVER, quando se referem ao mesmo como causador da redução da leitura.
Sim, é verdade, a leitura dos livros diminuiu, mas quanto aumentou a leitura digital? Os alunos estão a ler mais, mas em diferentes plataformas. Já agora, será que há 30 anos, esta "tal" geração tinha digital para poder ler? Claro que não, como poderia não aumentar a leitura digital, se antes não existia digital? Mas, uma pérola neste discurso é dizer que "Representamos as últimas gerações que ainda leem"... pois, realmente, eu não lia no digital (que bem que gostava de ter nascido neste tempo) e trabalho com crianças dos 6 aos 10 anos, vejo-as a ler muito, seja livros, onde gostam de desfolhar as páginas, seja com o digital, para leituras interativas... os jovens leem diversas obras de autores contemporâneos que discutem a atualidade, mas preferem utilizar o ambiente digital, mas isso não é leitura?
Ao ler todo o texto começam algumas curiosidades, "Nos países ocidentais, porque as crianças de 2 anos passam em média 3 horas em frente a ecrãs, as que têm idades entre os 8 e os 12 anos perto de 5 horas e os jovens entre os 13 e os 18 quase 7 horas por dia, as gerações que estamos a educar – constituídas pelos chamados «nativos digitais» – vão ser as primeiras nas décadas recentes a ter valores de QI inferiores ao dos pais", bom logo aqui, o que fazem online? Não leem? Nativos digitais? Sabiam que o Marc Prensky, que cunhou os termos nativos e emigrantes digitais já se referiu aos mesmos como desatualizados, pois considera que, hoje, somos todos Residentes Digitais? QI? E em relação ao QE? Já agora, são os testes de QI assim tão válidos? São esses os indicadores que ilustram um conjunto de capacidades e competências atuais? As conclusões só neste parágrafo dariam imensa discussão e poderíamos mesmo adiantar que esta é uma conversa que já tivemos quando surgiu o vídeo, quando surgiram os leitores de K7, os leitores de cd, com o surgimento dos jogos, com a televisão, e agora ainda não compreendemos o que fazer nesta fase, por isso torna-se fácil diabolizar numa "Visão" catastrofista! Não deixando de ser pouco coerente, referir esta diabolização do digital e depois usar o mesmo digital para promover a leitura do artigo!
Mas continuamos "Mergulhando as crianças nos ecrãs, condicionamos-lhes o desenvolvimento motor, social e intelectual. Lendo menos livros, elas adquirem menos vocabulário, menos capacidade de concentração, desenvolvem dificuldades de expressão das emoções e das ideias, dá-se nelas a simplificação do pensamento.", é verdade, que se estiver num ecrã o meu desenvolvimento motor é reduzido, por isso, falta-nos esse equilíbrio. Mas a culpa é dos ecrãs ou das famílias que não regulam essa utilização, tal como aconteceu em tempos, com a televisão? Ora, antes de se apontarem baterias à escola ou sociedade (fosse esta escola assim tão digital...) não têm as causas, diretamente, que ver com uma não responsabilização das famílias e na falta de controlo, conhecimento e estimulação de outras atividades lúdicas e interativas, que coloquem as crianças em atividades paralelas, que não só o digital. Ou seja, denota-se que as famílias, nos seus ambientes de casa, estão sem regras e são estas que permitem uma utilização abusiva, aí sem "legislação parental"... e aí... precisamos de uma escola parental! Até porque, precisamos perceber que os adultos, pais, não ilustram da melhor forma um comportamento com o digital... sendo exemplos...
Por outro lado, também é falso, que apenas a leitura de livros nos traz a aquisição de vocabulário e capacidade de concentração ou promoção de ideias, uma vez que o digital pela sua leitura multimodal nos oferece relações entre conteúdos, em que a multimédia nos apoia e favorece a elação entre conteúdos e um trabalho de compreensão muito mais profundo, uma vez que de forma ágil se fazer interseções com significados desconhecidos, além de se poder ir trabalhando a memória dos alunos a longo prazo, pelas interações que conseguem ter com conteúdo digital, estimulado pelos vários sentidos do nosso corpo. Além disso, a própria ortografia é melhorada pelo fact ode muito rapidamente não permanecerem no erro, porque podem facilmente e de forma automática fazer correções.
E a sugestão seria, segundo o mesmo artigo, quando refere que "Ficará na história o governante que, através de uma política pública tão inesperada no quadro das que têm mudado o rumo das nações, tiver a lucidez e a visão necessárias para reescrever e dar a ler o nosso futuro através de medidas que façam da leitura um desígnio nacional. Não é nada senão isso aquilo que é preciso fazer." fechar o digital e assim voltamos a viver felizes e contentes? Ou será a Educação para e com o digital, de jovens e, também, das famílias? Se não fosse o digital, não sei se hoje, lia alguns dos jornais, revistas e artigos ou será que não estou a ler e sim a reduzir o meu "QI"?
"Com um martelo podemos construir uma casa ou magoar um dedo... mas quem o utiliza são as pessoas..."
A diabolização do digital é sempre muito mais fácil do que as atitudes das pessoas com esse digital!