sábado, 28 de março de 2020

Desafios de Aprendizagem profissional


Muitos têm sido os professores que, nos últimos 15 dias, se têm manifestado e têm considerado estar a aprender muito sobre informática... Pois, eu acredito! Acredito porque a necessidade aguça o engenho. 
A aprendizagem para ser significativa têm de ter interação entre a nova e a informação anterior, formando uma hierarquia de conceitos que vão sendo assimilados entre os específicos e os gerais. Para a aprendizagem ser significativa os conceitos assimilados têm pontes com as experiências sensoriais, onde a emoção, os objetivos e o sentido do que se aprende interage.
Se olharmos para a aprendizagem dos professores (como outras) como se de um GPS se tratasse, verificamos que ao colocarmos um ponto de chegada, quando se inicia esse processo, o que vamos ouvir é "alguém" a "oferecer-nos" instruções para chegar ao ponto de chegada... 
Se formos bons ouvintes e conhecermos os conceitos mais elementares, no caso, "direita", "esquerda", "frente", entre outros... tem tudo para correr bem! Ora, a aprendizagem sem contexto de informática ou outro qualquer assunto, quando é do tipo tutorial é igual... fica aprendida no ponto de partida e no ponto de chegada, mas daquele contexto, daquele único caminho e com aquelas instruções.
O problema coloca-se quando temos de fazer um caminho ou "o" caminho por nós, sem "vozes", sem "alguém" a "ditar-nos" o caminho. O problema coloca-se quando temos de fazer a transferência dessa aprendizagem para outros contextos. Se usarmos a mesma metáfora, caminhar sem utilizar o GPS e pedir a alguém que percorra um determinado caminho que não conhece. Acontece tantas e tantas vezes, pelo que teremos de convocar outros conhecimentos para fazer esse caminho, desde perguntar instruções a pessoas, guiar-nos pelos conhecimentos que temos sobre Geografia, ler o Sol ou as Estrelas,...
E é neste sentido que verificamos que nestes 15 últimos dias os professores também aprenderam mais a "tal" informática porque foram "obrigados" a não usar GPS, foram desafiados a percorrer caminhos "nunca antes navegados", que os obrigou a avançar, a perguntar em cada problema, a resolver cada desafio, a criar referências por percorrerem o seu próprio caminho e não o que foi ditado por alguém, não fizeram o mais curto, o mais barato, o mais simples,... fizeram o SEU, que é único! Por ser único, fizeram-no criando as suas próprias referências, à medida que iam percorrendo essa aprendizagem... Perceberam que em cada aplicação precisam virar à direita quando chegam "à casa amarela", virar à esquerda após "a floresta que tem um eucalipto junto à berma"... ou seja, a aprendizagem tornou-se significativa porque tinham desafios práticos para responder a problemas concretos. 
Porém, talvez agora possam dedicar os próximos 15 dias à aprendizagem, também ela significativa, de e sobre o upgrade da pedagogia...
A questão já não é e nem pode ser mais, já não é e nunca pode ser sobre os recursos, a "informática", não é isso que faz ou vai fazer a diferença. As grandes dificuldades manifestadas nestes dias têm sido mais sobre o que fazer com os recursos, o que fazer com a "informática"...
Deixo-vos um desafio, o desafio do "Desenho".
Se aprenderam em tempos a manipular os lápis, as canetas, os marcadores, os lápis de cera, os pincéis,... tantos objetos para a escrita e para o desenho... então, agora, que tal pensar, que tal planear o que fazer, e bem, com cada um dos utensílios? Que tal pensar se precisam de usar todos de uma só vez? Que tal pensar se precisam, sequer de usar dois deles? Que tal pensar se para uma atividade em que pretendem fazer uma pintura a carvão, será que selecionaram os utensílios corretos?

Marco Bento
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